“Não penses isso”, “Não te deves sentir assim”, “Não tens razões para reagir dessa maneira”, “Pensa positivo”!
Quantas vezes já ouvimos ou dissemos estas frases? Provavelmente muitas. Faz sentido, se pensarmos que vivemos numa sociedade em que a cultura da positividade prevalece e que naturalmente tendemos a esquecermo-nos que sentimentos “negativos” são na verdade saudáveis e essenciais para vivermos de forma plena enquanto seres humanos.
As emoções têm uma natureza abstrata e subjetiva. Podem ser vagas e difusas, e são frequentemente consideradas menos relevantes que o intelecto. Têm vindo a ser vistas como irracionais ou como expressão de falta de controlo. Só recentemente tem sido focado o papel essencial das emoções na forma como pensamos, comportamos e no nosso-dia-a-dia. Mas qual é exatamente o papel das emoções?
Ajudam-nos a sobreviver e a protegermo-nos
Têm a função de nos proteger dos desafios diários e das ameaças à nossa integridade física e psicológica. Constantemente analisamos o meio à nossa volta à procura de ameaças ou oportunidades de satisfação das nossas necessidades básicas. Ajudam-nos a perceber se algo nos é benéfico ou nos pode fazer mal.
Motivam-nos a agir
As emoções servem para determinar a nossa acção: são uma energia que nos motiva a agir num determinado sentido. Por exemplo, quando temos uma tarefa importante por exemplo no trabalho, podemos ficar ansiosos com a nossa performance, o que nos vai preparar para a exigência que antecipamos na tarefa.
As emoções também nos transmitem, a nós mesmos, informação (ex.: podem ser como um alarme, perante uma situação de perigo; podem servir como intuição para nos orientar na resolução de um problema). É importante percebermos o que sentimos para percebermos o que necessitamos.
Ajudam-nos a tomar decisões
Se não sabemos o que sentimos, dificilmente saberemos que decisão tomar, por mais pequena que seja. O sistema de emoções pode então ser comparado a uma bússola que nos dá sinais e mensagens sobre o que devemos fazer. Podem dizer-nos “Explora”, “Abranda”, “Enfrenta ou luta!”, “Evita ou foge”, “Afasta-te”, Aproxima-te”.
Ajudam-nos a comunicar e a ligarmo-nos aos outros
Comunicamos mais depressa através do não-verbal: expressões faciais, gestos, tom de voz, etc. Por exemplo, se parecemos tristes aos olhos dos outros, estamos a sinalizar que precisamos de apoio. Deixar que os outros percebam o que sentimos é sinal de boa comunicação! Por outro lado, assim como as nossas emoções dão informação valiosa aos outros à nossa volta, o contrário também acontece: as expressões emocionais dos outros dão-nos também informação relevante sobre como corresponder às suas necessidades.
Ora então, emoções, para que vos queremos? Quase que podemos entendê-las como um outro qualquer sentido, tal como a visão, olfato, paladar, etc. Ajudam-nos a distinguir o que é bom e seguro, do que é desagradável ou inseguro. São naturais do ser humano e dão cor à nossa vida. E portanto, emoções, sim queremos-vos!
Autora: Sara Albuquerque
Psicóloga Clínica
Formadora
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