Reflexões sobre o luto

A Relação de ajuda: o apoio ao luto

Uma regra de ouro na relação de ajuda é a de respeitar o tempo que a pessoa em luto necessita para integrar a sua perda. É através da relação que se pode permitir à pessoa em luto tomar contacto com a realidade da perda e com a sua dor, tendo sempre por apanágio o respeito e aceitação incondicional perante a tolerância que a pessoa em luto manifesta nesse contacto. É normal existir uma oscilação constante entre o contacto e o evitamento da dor. Deve-se, igualmente, respeitar os recursos e crenças/valores que a pessoa em luto utiliza para dar sentido à sua perda.

Através da escuta ativa, cria-se um espaço de segurança e confiança, onde podemos perceber a narrativa verbal e a expressão não verbal do mundo interno do enlutado, das principais manifestações e mecanismos de proteção e as tarefas necessárias à integração do seu luto. Na empatia, demonstramos a capacidade de sentir o outro na relação, respondendo sempre às necessidades relacionais da pessoa em luto (Erskine, 1999, cit. por Páyas, 2010). Ao mesmo tempo, não devemos mudar nada nem apressar o processo, o que implica sintonia com o ritmo da pessoa em luto. Da mesma forma, devemos evitar as frases feitas.

Na comunicação da má notícia, é importante ser claro e objetivo e nunca mentir ou não permitir a expressão de emoções. Da mesma forma, deve-se dar espaço à pessoa em luto para fazer perguntas e, acima de tudo, que lhe possa ser permitido ver a pessoa falecida e tomar decisões sobre a roupa a vestir ou a maquilhagem a utilizar (se aplicável). É verdade que a pessoa em luto precisa de espaço para integrar a sua perda, mas deve-se tomar iniciativa no sentido de mostrar vontade e de estar atento às necessidades da pessoa em luto.

É, ainda, fundamental:

  • Expressão facial de anuência, disponibilidade e genuinidade;
  • Olhar olhos nos olhos;
  • Estar ao mesmo nível (estarmos ambos sentados ou ambos de pé);
  • Tom de voz calmo, audível, controlado e confiante;
  • Tocar, abraçar... sem medos.

 

O toque fala mais do que mil palavras! O toque permite proximidade e transmissão de segurança. É estar pele com pele!
Acompanhar significa estar com, de alma e coração.

Victor Sebastião

 

Referências

Payás, A. (2010). Las tareas del duelo. Psicoterapia de duelo desde un modelo integrativo-relacional. Barcelona: Paidós

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